Caminho das Missões recebe o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade 2020

Publicado em 23/03/2021 19:08:12
MÍDIA PATROCINADA
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A ação “Caminho das Missões Jesuítico-Guarani - roteiro de peregrinação pelos Povos Missioneiros do Rio Grande do Sul” foi vencedora do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade 2020, na categoria “Patrimônio Material”, segmento “Empresas privadas e fundações (Exceto MEI)”. Realizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Prêmio Rodrigo tem como objetivo valorizar e promover ações que atuam na preservação dos bens culturais do Brasil. Este ano, foram escolhidos 12 projetos vencedores. Cada iniciativa recebe uma premiação de R$ 20 mil.


Prêmio Rodrigo: 325 km de história, aventura e espiritualidade nos Caminhos das Missões - Projeto percorre os sítios arqueológicos da região missioneira, entre São Borja e Santo Ângelo.


Lançado em 2002, o Caminho das Missões Jesuítico-Guarani é um roteiro turístico histórico-cultural de peregrinação na região noroeste do Rio Grande do Sul, ligando antigos povos missioneiros. Em 2019, a Argentina e o Paraguai foram incluídos no trajeto, envolvendo assim os 30 povos das missões, sendo considerado o primeiro roteiro internacional das Américas e de integração do Mercosul.


O roteiro, realizado há 19 anos, possibilita que peregrinos e ciclistas conheçam mais do Patrimônio Cultural do país. Em território brasileiro, o caminho passa pelos sete povos e pelos quatro sítios arqueológicos das Missões: São Nicolau, São Lourenço Mártir, São Miguel das Missões e São João Batista.


O percurso


Em solo brasileiro, o percurso tem 325 km que passam pelos municípios onde se situavam os Sete Povos das Missões, conjunto de aldeamentos indígenas fundados pelos jesuítas. Para realizar o trajeto completo, o peregrino precisa de 14 dias de caminhada ou cinco dias de bicicleta. O ponto de partida é São Borja e o de chegada, Santo Ângelo. São em média 25 quilômetros por dia, a maioria em estrada de chão.


“Receber o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade 2020 reconhece esse trabalho de quase duas décadas e traz a tão necessária visibilidade não só do Caminho, mas da região das missões como um todo.”


Claudio Reinke, um dos idealizadores do projeto.


Para percorrer 135 km entre São Borja e São Nicolau são necessários seis dias a pé. Quem opta por percorrer seis dos sete povos, entre São Nicolau e Santo Ângelo, leva oito dias a pé ou três dias pedalando. Há a opção de um trajeto mais curto, de 75 km, entre São Miguel das Missões e Santo Ângelo, passando pelo sítio arqueológico de São João Batista, totalizando três dias de caminhada.


O trajeto internacional partindo de San Ignácio Guazú, no Paraguai, e chegando em Santo Ângelo, corresponde a 750 km percorridos em 30 dias de caminhada e passando por 20 locais que abrigavam os povos missioneiros. Os grupos são limitados a 15 pessoas para minimizar os impactos ambientais.


“Caminhar ou pedalar é um meio ecologicamente correto de conhecer o Patrimônio Cultural da região. É um roteiro criado para todos que desejam conhecer os trajetos que ligavam os antigos povos missioneiros e que compõe o conjunto urbano e rural das Missões Jesuíticas, cujos remanescentes encontram-se, hoje, situados em parte do território brasileiro, argentino e paraguaio”, explicou Claudio.


18 meses de pesquisa e cinco mil quilômetros rodados.


As pesquisas começaram em 1999, mas em 2002 o trajeto foi criado oficialmente. Na segunda etapa, em 2004, São Borja foi incluída no roteiro e, em 2019, Argentina e Paraguai.


“Quero destacar a parceria de instituições de preservação patrimonial como o Iphan e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae) ao relatarmos eventuais achados arqueológicos ou fatos de relevância histórica, assim como servirmos de uma espécie de sentinela ao informar algum risco eminente na preservação do patrimônio regional”, disse o idealizador Claudio. Desde as pesquisas, o Caminho das Missões conta com o apoio de arqueólogos e historiadores para embasar suas atividades.


Para dar início ao projeto, a equipe criadora também contou com o apoio do Exército Brasileiro na primeira caminhada experimental que ofereceu a estrutura militar para acampamento, refeição e banheiros. A partir de então, quem passou a oferecer os serviços aos turistas foi a própria comunidade - ou os hospitaleiros, como são conhecidos.


Foram necessários 18 meses de pesquisas e cinco mil quilômetros percorridos para implementar o Caminho das Missões. A segunda etapa contou com mais oito meses de pesquisa e sete mil quilômetros rodados. A última etapa, implantada em 2019, incluiu 14 dos 23 povoados missioneiros situados nos países vizinhos – Argentina e Paraguai –, o que tornou o Caminho das Missões o primeiro roteiro internacional de peregrinação das Américas.


Os resultados dos dois lados da fronteira


Com a criação do Caminho das Missões Jesuítico-Guarani, houve a abertura de uma nova linha de turismo na região que se enquadra no ramo de aventura, embora seu principal foco seja o histórico-cultural. As caminhadas e pedaladas possibilitaram uma permanência maior dos visitantes na região, ficando até 14 dias em território brasileiro. Durante sua estadia há um contato mais imersivo com a história missioneira, conhecendo-se os sítios arqueológicos da região, além de inúmeros locais ligados à história jesuítico-guarani.


A presença do turista promove a sensibilização sobre o Patrimônio Cultural junto à população local, que passou a valorizar os vestígios arqueológicos da região. No trajeto, tornou-se tradição a presença de contadores de histórias, músicos, gaiteiros, benzedores, rezadores e mateiros, assim como a realização de apresentações de artistas da comunidade.


A cultura está presente de diversas formas: na confecção dos amuletos e cajados de apoio ao peregrino, confeccionados e adornados pelos Mbyas-guarani e artesanatos de diversos artesãos da região.


As comunidades têm se tornado agentes de preservação patrimonial na medida em que compreendem o valor histórico e a importância destes vestígios para o desenvolvimento da região. Quase 20 anos de trabalho voltados para a valorização da história e do patrimônio fez com que a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul reconhecesse o Caminho das Missões como de relevante interesse cultural e turístico para o estado Rio Grande do Sul (Lei nº 15.174, de 8 de maio de 2018).


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Crédito: Iphan