Carnaval cancelado afeta turismo e comércio pelo País

Publicado em 13/02/2021 10:30:48
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O Carnaval é considerado a maior comemoração popular do País. É o momento esperado por muita gente para viajar e aproveitar intensamente a folia. A tradição brasileira reúne multidões em diversas cidades – cenário perfeito para a transmissão generalizada do coronavírus. A questão sanitária resultou no cancelamento da festa deste ano.

O prejuízo causado pelo cancelamento não se resume apenas à saudade da folia. O Carnaval movimenta a economia brasileira e é, em muitos pontos turísticos, o ápice de arrecadação anual e a maior oportunidade de novos negócios para micro, pequenos e médios empresários. Entretanto, a preocupação com a possibilidade de contágio acelerado de Covid-19 em decorrência do Carnaval resultou em medidas severas para o período.

Rio de Janeiro

Para as escolas de samba do grupo especial, considerado a elite do carnaval do Rio, é grande o baque com a suspensão dos desfiles neste ano. O impacto vai desde a perda de receitas até os reflexos na vida dos trabalhadores da extensa cadeia que envolve os desfiles para a escola chegar à Passarela do Samba no domingo (14) ou na segunda-feira (15) de carnaval. Para o presidente da Liga Independente das Escolas de Samba, Jorge Castanheira, a preocupação é que grande parte dessas pessoas não tem emprego fixo durante o ano e só quando começa a movimentação dos barracões que conseguem um trabalho com remuneração.

“O objetivo nosso é dar condição de suporte financeiro às pessoas que trabalham no carnaval e que ao longo do ano de 2020 e agora no início de 2021 estão sem atividade. A quantidade de pessoas varia, porque alguns trabalham para mais de uma escola, por exemplo, o ferreiro, o carpinteiro. Evidente que é muito difícil para todos nós, mas temos que administrar em função do que está acontecendo”, disse Jorge Castanheira.

Segundo o presidente, a receita anual com venda de ingressos, direitos de transmissão televisivos e patrocínios varia entre R$ 120 milhões e R$ 150 milhões. Nada disto vai ocorrer este ano, mas as escolas Beija-Flor, Grande Rio, Mocidade e Viradouro receberão R$ 150 mil cada para a escolha dos samba-enredos. O evento terá transmissão online. Em contrapartida, as escolas deverão fazer 4 apresentações durante a classificação.

Embora uma prévia da pesquisa do Sindicato dos Meios de Hospedagens do Município (Hotéis Rio) referente à demanda para o período entre 12 e 16 de fevereiro tenha indicado uma média de ocupação de 41% da rede da capital, o presidente da entidade, Alfredo Lopes está apostando em 65%.

Empresários da região da Lapa estimaram queda de até 70% em relação ao carnaval do ano passado. Já na Zona Sul, o faturamento de restaurantes pode ter perda de até 50% na comparação com o período de 2020. Na Zona Norte, restaurantes estimaram crescimento nas vendas.

Pernambuco

O cancelamento do Carnaval em Pernambuco não afetou apenas o folião. A medida mexeu também com uma grande cadeia econômica, que passa por agremiações, artistas, músicos, comércio, setor hoteleiro e de turismo. Atingiu até os catadores de latas de alumínio, que aumentam a renda nos dias de folia.

Segundo a ABIH (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis), o cenário é preocupante com a média de ocupação mais baixa que em anos anteriores, menor procura nas capitais e maior demanda por destinos menores. Com o cancelamento das prévias e das festas de Carnaval pelas autoridades, a ocupação hoteleira durante o período – que em anos anteriores, nos principais destinos do estado (Recife e Porto de Galinhas) chegava a 97% – em 2021 não deve ultrapassar os 60%. No início deste ano a queda chegou a 60%.

Recife

Em Recife, a prefeitura também disse que pagará um benefício para artistas, agremiações e outras pessoas que fazem parte da cadeia produtiva do carnaval de Recife. Batizado de AME (Auxílio Municipal Emergencial), o auxílio prevê o pagamento de até R$ 10 mil para os beneficiados.

No total, a prefeitura planeja investir cerca de R$ 4 milhões para o pagamento desse benefício. Desse total, R$ 1,5 milhão é proveniente da iniciativa privada. O auxílio será concedido para as agremiações sediadas no Recife e que integraram a programação oficial do Carnaval 2020.

Salvador

O ponto facultativo na cidade de Salvador (BA), decretado todos os anos desde 1981, foi suspenso. O comércio funcionará normalmente e os circuitos por onde passariam os trios elétricos estarão abertos à circulação dos carros.

Shows e apresentações acontecerão apenas em lives de artistas pela internet. A prefeitura reconhece que há um prejuízo financeiro com esta decisão, mas que não voltará atrás.

A festa de 2020 levou 16,5 milhões de pessoas à capital da Bahia, com a injeção de R$ 1,8 bilhão no período e geração de 2,5 mil empregos.

Interior de Minas Gerais

O carnaval sobre as ladeiras íngremes da histórica Ouro Preto também está cancelado. Os eventos públicos e privados estão proibidos na cidade. A prefeitura deverá investir em eventos online, como concursos de marchinhas de carnaval.

As pousadas locais não estão funcionando com máxima capacidade, o que só deverá ocorrer quando os casos de Covid-19 diminuírem na cidade. A prefeitura tem fiscalizado os estabelecimentos para garantir que eles não estejam lotados.

São Paulo

O governador João Doria anunciou ainda em janeiro que o governo de São Paulo, assim como a prefeitura da capital paulista, decidiram não conceder ponto facultativo nos dias de Carnaval para todo o Estado. A decisão segue recomendação do Centro de Contingência do Coronavírus.

“Não haverá o feriado de Carnaval este ano. Esta é a recomendação do Centro de Contingência, de 20 médicos, cientistas e especialistas, para com isso manter sob controle a expansão da pandemia”, disse Doria na ocasião.

Porto Alegre

No fim de janeiro a prefeitura anunciou que a cidade não teria as programações regulares envolvendo o calendário dos blocos de rua, assim como já definido para o desfile competitivo das escolas de samba. Com intuito de somar esforços com lideranças e entidades representativas do Carnaval em Porto Alegre, também foi anunciado que a prefeitura não faria ponto facultativo, mantendo expediente regular. Em 2020, só nos quatro dias de festa foram mais de 200 mil pessoas reunidas, fora os blocos que desfilaram em outros dias.

“Nossa contribuição para a saúde pública é segurar o evento. Perdemos muitas vidas, sendo difícil fazer qualquer festa comemorativa enquanto não temos vacina para todos”, afirmou o presidente da Uespa (União das Escolas de Samba de Porto Alegre), Rodrigo Costa.

Com 50 anos de Carnaval, Guaraci Feijó, do Bloco Floresta Aurora, seguiu a mesma linha e reforçou a importância do diálogo. “Este é um momento importante de diálogo, uma oportunidade ímpar que temos de nos unir pela cultura popular de Porto Alegre”, disse.

Uma semana antes a prefeitura de Porto Alegre e as escolas de samba da Capital já haviam informado que, devido à pandemia de Covid-19 e em respeito às normas sanitárias de prevenção ao coronavírus, o desfile competitivo de 2021 estava cancelado. A decisão foi tomada em conjunto em reunião realizada pela Secretaria Municipal de Cultura no dia 22, com os presidentes das agremiações.

O secretário-adjunto de Cultura, Clóvis André, destacou que a festa não vai deixar de existir. “O Carnaval não vai deixar de existir. É um feriado nacional. O que nós fizemos hoje foi cancelar os desfiles competitivos por um motivo de força maior, que foge do controle da prefeitura e das entidades”, explicou.


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Crédito: O Sul